O secretário de Agricultura de Santa Catarina, Moacir Sopelsa, informou que a restrição temporária da compra da carne suína brasileira pela Rússia a partir de 1º de dezembro preocupa pelo erro na presença de ractopamina, aditivo de crescimento da massa muscular que é proibido no país euroasiático, mas que não deve ter impactos econômicos imediatos no estado.
“Toda a suspensão de exportação tem impacto econômico. Mas nós não sabemos ainda a proporção, até porque nesta época do ano, pelo clima, a venda de carne suína para a Rússia é pouca ou quase nada”, disse o secretário.
O anúncio do embago foi feito nessa segunda-feira (20) pelo serviço veterinário e fitossanitário da Rússia. Em Santa Catarina, conforme a Secretaria de Agricultura, 89.517 toneladas de carne suína foram importadas ao país em 2016. Em 2017, de janeiro a outubro, foram 92.673 toneladas.
O Ministério da Agricultura não informou se há alguma empresa catarinense na relação das que tiveram o produto identificado na carne, segundo Sopelsa, que disse ainda que o estado tem conhecimento da norma que determina que essa substância não pode ser colocada na carne.
“Se houve essa detecção, o Ministério [da Agricultura] vai tomar as providências e ver quem foi responsável”, disse o secretário.
Para o titular da pasta estadual da Agricultura, existe a hipótese de que haja interesses comerciais por trás da suspensão da compra. “A balança comercial entre a Rússia e Brasil é mais favorável ao Brasil. Eles têm produtos como trigo, fertilizantes, que também têm interesse em comercializar”, disse.
O secretário falou ainda que vai tentar identificar se algum produtor usou a substância que promove o crescimento da massa muscular animal, “um descuido que não pode acontecer”, e que acredita que, por países fora da Euroásia não terem essa restrição com ractopamina, pode ter havido um equivoco no fornecimento de ração para esses animais.
A Rússia respondeu por cerca de 40% das vendas brasileiras de carne suína no acumulado do ano até setembro, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), enquanto os russos representaram cerca de 11% das exportações de carne bovina do país até outubro, de acordo com a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec).