Sabe-se que o acesso às próteses hoje depende, além de despesas de recursos de alta valoração, sucessivos deslocamentos dos pacientes aos centros que dispõe desta tecnologia, o que por vezes desmotiva e torna a protetização desinteressante e até inatingível para boa parte desta população. Considerando tal realidade os cursos de Engenharia de Computação e de Fisioterapia da Unoesc Joaçaba desenvolvem um projeto que tem como objetivo tornar estes equipamentos mais acessíveis financeiramente para a comunidade regional.
Por meio do projeto, foi entregue neste mês, uma bicicleta adaptada para um paciente infantil, o qual participa da pesquisa para o desenvolvimento das próteses mioelétricas de baixo custo. Neste momento, o projeto encontra-se em fases de testes, em busca de uma estrutura adequada para que se adapte ao corpo ainda em desenvolvimento da criança. O ato da entrega da bicicleta, teve como objetivo fazer a modelagem e as medidas necessárias, ou seja, dar o suporte para os dados necessários do projeto, unindo com o sonho do menino de andar de bicicleta. O paciente permanece participando dos estudos para aperfeiçoamento da prótese definitiva que será entregue posteriormente. Em 2019 outro paciente foi contemplado com uma prótese desenvolvida dentro do projeto.
A linha de pesquisa iniciou-se em 2016, através de um projeto submetido e aprovado pela FAPESC, onde foi possível adquirir os recursos necessários para a criação das tecnologias envolvidas no desenvolvimento de próteses simples e mioelétricas utilizando impressão 3D. Desde então, os professores da Clínica de Fisioterapia do AMU e das Engenharias têm buscado em parceria resolver as demandas existentes da melhor forma possível e com os recursos disponíveis.
Os responsáveis pelo projeto, professor João Aluisio Proner, do curso de Fisioterapia, e Geovani Rodrigo Scolaro, do curso de Engenharia de Computação, contam também com o apoio dos acadêmicos Eduardo Squerzzato de Oliveira e Otávio Ferraz de Araújo Prado, ambos do curso de Engenharia de Computação, na modelagem e construção das estruturas das próteses e demais dispositivos, e os pacientes que participam como voluntários, e que auxiliam no aprimoramento de todo o processo envolvido.
Além de ajudar a comunidade em geral, o projeto desempenha uma importância fundamental para os acadêmicos porque traz grande oportunidade de inovação e diversificação no mercado futuro de trabalho, e de aprimoramento do conhecimento adquirido no decorrer do curso.
Conforme explica o professor João Aluisio Proner, é por meio dessas parcerias entre professores e acadêmicos dos cursos de Fisioterapia e da Engenharia de Computação, que se iniciou um trabalho multidisciplinar para o desenvolvimento de tecnologias assistivas, focando inicialmente no projeto e desenvolvimento de próteses de membro superior.
— Entendemos que a independência de um indivíduo é proporcional a funcionalidade residual e/ou adquirida em um processo de reabilitação. As próteses mioelétricas ampliam significativamente esta perspectiva, promovendo maior inserção e integração destes indivíduos em todos os setores da sociedade de forma independente — afirma Proner.
O projeto atualmente está sendo desenvolvido apenas na instituição pela parceria entre as áreas envolvidas, sem entidades externas até o momento.
— Estamos buscando parcerias para que seja possível elevar o nível de qualidade, tanto das pesquisas relacionadas à área, quanto das tecnologias e do processo de construção desses dispositivos. Com o apoio de entidades parceiras do projeto, o retorno dos resultados à comunidade torna-se mais ágil e possivelmente com menor custo — enfatiza o professor Geovani Rodrigo Scolaro.
Ainda de acordo com Scolaro, o tema surgiu através de estudos realizados por meio de determinadas linhas de pesquisa nas engenharias, as quais visam o aprimoramento de técnicas de instrumentação e de desenvolvimento de dispositivos e sistemas computacionais para aquisição e processamento de sinais fisiológicos.
— Essas linhas de pesquisa agregam-se às demandas existentes de pacientes de Joaçaba e região, que buscam junto à clínica de fisioterapia do AMU, tratamento e/ou reabilitação para problemas relacionados à amputação principalmente de membros superiores — comenta Scolaro.
João Aluisio Proner esclarece que o público-alvo a ser alcançado nas próximas fases do projeto são pacientes, de qualquer idade, com amputações, em qualquer nível, de membros superiores. Este projeto, em etapas futuras, poderá ser expandido para além de próteses, a confecção de órteses funcionais para as mais diversas condições relacionadas à funcionalidade.
— Com o seguimento do projeto, pretendemos atender a um número maior de pacientes da comunidade regional que necessitam de acesso a próteses mioelétricas com baixo custo (quando comparado ao mercado) — reitera o professor.
Para o professor Geovani Rodrigo Scolaro, é uma experiência gratificante, poder ajudar as pessoas que precisam desse tipo de serviço.
— Não somente em próteses de membro superior que estamos conduzindo as pesquisas, mas também em órteses e em outros tipos de tecnologias assistivas que abrange meios auxiliares para locomoção, que foi uma das etapas deste projeto com o Dudu, onde adaptamos a bicicleta para ele poder andar, pois era um sonho que ele tinha, assim como qualquer criança na idade dele — comemora Scolaro.
O QUE É UMA PRÓTESES MIOELÉTRICAS?
Uma prótese consiste em um dispositivo que tenta imitar um membro perdido, tanto na aparência como na funcionalidade, possibilitando que o paciente tenha maior mobilidade e independência. Próteses mecânicas se movimentam interagindo com partes remanescentes do membro perdido e realizam movimentos limitados. Já as próteses mioelétricas são dispositivos compostos por partes mecânicas que são acionadas eletronicamente, através da leitura dos sinais elétricos produzidos pelos músculos, permitindo maior variedade de movimentos.
Fonte: Ascom Unoesc