Autoridades da Aeronáutica Civil da Colômbia apresentaram nesta segunda-feira conclusões da investigação preliminar sobre o acidente com o avião da Chapecoense, que causou a morte de 71 pessoas no dia 29 de novembro, em Medellín, na Colômbia. A causa apontada oficialmente é de falta de combustível na aeronave. Segundo a investigação, a quantidade de combustível e a autonomia do avião não eram as adequada para aquela rota. As autoridades aéreas colombianas atribuíram culpara à Administração de Aeroportos e Serviços Auxiliares à Navegação Aérea da Bolívia (AASANA) por ter aprovado o plano de voo da LaMia, considerado irregular por conta da autonomia da aeronave.
Outra conclusão é de que o avião estava com sobrecarga, ou seja, excesso de peso. A investigação foi feita a partir de uma série de dados, inclusive gravações feitas pelo sistema de gravação de voz do avião.
– A aeronave tinha um peso superior ao permitido nos manuais – afirmou o coronel Freddy Augusto Bonilla, secretário de segurança da Aeronáutica Civil da Colômbia, segundo quem o avião transportava 1.000 kg a mais do que informado no plano de voo, o que teria feito o consumo de combustível aumentar mais.
Os investigadores também concluíram que o piloto Miguel Quiroga, que morreu no acidente, tinha total consciência de que o combustível não era suficiente para o voo de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, até Medellín.
– Eles estavam conscientes da limitação do combustível. Eles sabiam que não era suficiente – destacou Bonilla.
Segundo o coronel, Quiroga demorou demais a relatar situação de emergência.
– Essa situação de falha total foi reportada apenas dois minutos antes da queda -afirmou.
Ao exibir a gravação da conversa do piloto da LaMia com a torre de controle de voo do aeroporto de Rionegro, Bonilla explicou que um alerta de baixa quantidade de combustível precisa ser feito com 20 minutos de antecedência.
– A gravação se interrompe um minuto antes da queda, e temos que saber o motivo – disse Bonilla, ressaltando que o avião deveria ter combustível suficiente para voar por pelo menos mais uma hora e 45 minutos, se estivesse dentro dos procedimentos corretos.
Ele explicou a diferença entre prioridade e emergência, livrando de quqlquer culpa a controladora de voo Yaneth Molina, com quem o piloto Quiroga teve seu último diálogo.
– O termo “prioridade” é um termo que não significa emergência. Como vamos escutar a controladora, se dará vetores, a rota mais direta e rápida para realizar a aproximação. Neste ponto de aproximação, o piloto ativa os speed breaks, freios aerodinâmicos, isso faz com que a aeronave reduza a velocidade e inicie o descenso sem notificar – explicou o secretário, informando que o piloto começou a descer sem notificar a torre de controle.
Os dados das caixas pretas, levadas para a Inglaterra, país onde a aeronave foi fabricada, não foram revelados ainda. Eles estão sob análise, e as conclusões das autoridades aéreas colombianas, provavelmente, não os levam em consideração.
Fonte: O Globo