Governo estuda plano para evitar desemprego na BRF

Funcionários da BRF que trabalham diretamente com o frango destinado à exportação poderão ter o salário diminuído para preservar os empregos. A proposta será apresentada pelo Ministério do Trabalho aos sindicatos e à empresa, que sofre com um embargo europeu às exportações. Diante da queda da demanda externa pelo frango brasileiro, sindicatos calculam que 7 mil empregados estão em férias coletivas e que, se o embargo não cair, até 15 mil postos de trabalho poderiam estar em risco.

BRF anuncia férias coletivas na unidade de Capinzal
BRF anuncia férias coletivas na unidade de Capinzal

BRF anuncia férias coletivas em Capinzal:

A BRF emitiu um comunicado oficial informando que concederá férias coletivas aos funcionários da unidade de Capinzal, no Oeste de Santa Catarina. O número não foi divulgado, mas extraoficialmente seriam cerca de 3 mil trabalhadores que atuam na área de abate de aves. Trabalhadores de outras áreas seriam mantidos.

As férias seriam por 30 dias, a partir de 7 de maio. Depois disso, seria retomado normalmente o abate. Na nota, a empresa informa que a parada é motivada pela suspensão das exportações para a União Europeia, determinada no início do mês pelo Ministério da Agricultura.

“A decisão tem por base a necessidade de ajuste no planejamento de produção, em decorrência especialmente da interrupção temporária e preventiva da produção e certificação sanitária dos produtos de aves exportados ao mercado europeu”, diz a nota.

Outras duas unidades também estão suspensas em Santa Catarina: Chapecó e Concórdia. Mas a empresa ainda não se manifestou se haverá suspensão nessas unidades também. No Brasil são dez unidades da BRF que tiveram a suspensão.

A expectativa era de que as vendas poderiam ser retomadas a partir de uma reunião em Bruxelas, na Bélgica, na sexta-feira. Mas até agora não houve nenhuma mudança. A BRF representa 5% das exportações catarinenses, o que representa US$ 5 milhões por mês.

A proposta do secretário de Relações do Trabalho, Luis Carlos Barbosa, é retomar o Programa Seguro-Emprego (PSE) para evitar demissão em massa. Nessa iniciativa, o trabalhador tem a garantia da manutenção do emprego, mas com salário e carga horária 30% menores. Como contrapartida, o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) paga compensação equivalente a 15% do salário. Assim, o gasto salarial da empresa cai 30%, mas a renda do empregado reduz 15%.

Medida necessita de alteração na lei:

Para usar esse instrumento seria preciso alterar a lei, já que o atual prazo de adesão ao programa terminou em 31 de dezembro de 2017. Esse mecanismo foi criado em 2015 para evitar o aumento do desemprego e, à época, teve grande adesão de montadoras e fornecedores do setor automotivo.

– Temos de ver quais mecanismos legais podemos usar. Como estamos em uma crise do setor, podemos usar esse instrumento legal e negociar com a empresa. Em vez de demitir, a gente reduz o salário – defendeu o secretário.

O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação

(CNTA), Artur Bueno de Camargo, diz que o uso do PSE é uma alternativa que poderia ser aceita “na pior das hipóteses”.

O representante dos trabalhadores defende a adoção de uma solução ampla para evitar a propagação dos problemas que afetam o frango para o restante da cadeia da proteína animal.

A BRF confirmou que concederá férias coletivas para parte dos empregados de Capinzal (Santa Catarina), Rio Verde (Goiás), Carambeí e Toledo (Paraná).

Fonte: DC

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