Fábricas da BRF fraudavam laudos de salmonela para exportação

Fábricas da BRF fraudavam laudos de salmonela para exportação
Fábricas da BRF fraudavam laudos de salmonela para exportação

Quatro fábricas da BRF fraudaram laudos sobre a presença da bactéria salmonela em alimentos a fim de garantir a exportação de seus produtos, segundo investigação de nova fase da Operação Carne Fraca, deflagrada nesta segunda-feira (5).

Dez pessoas foram presas, entre elas Pedro de Andrade Faria, ex-diretor-presidente global da BRF. Em nota, a BRF afirma que segue normas de qualidade e que vai colaborar com as investigações “para esclarecimento dos fatos”.

De acordo com a Polícia Federal e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), estão envolvidas na fraude três fábricas para consumo humano e uma que produz ração: de Carambeí (PR) e de Rio Verde (GO), que produzem frango; de Mineiros (GO), que produz peru; e de Chapecó (SC), que fabrica ração.

As investigações apontam fraude nos laudos emitidos para exportação a 12 países que exigem requisitos sanitários específicos de controle da bactéria do tipo salmonela spp.

O grupo inclui China, África do Sul e países da União Europeia. Nesses países, a porcentagem de salmonella spp tolerada é inferior à tolerada no Brasil (20%, de acordo com a legislação brasileira).

De acordo com o ministério, em 2017 o Brasil recebeu 410 notificações sobre a presença de salmonela spp em produtos importados do país. As fábricas da BRF investigadas pela operação tiveram suspensas as exportações para os 12 destinos.

O Ministério da Saúde informou, ainda, que a presença de salmonela spp é comum em carne de aves, pois faz parte da flora intestinal desses animais, mas a bactéria é destruída quando submetida a altas temperaturas, como fritura e cozimento.

Além de executivos da BRF, o esquema envolvia funcionários e técnicos de cinco laboratórios (3 credenciados junto ao ministério e 2 da BRF), que preenchiam com dados fictícios os laudos fornecidos ao Serviço de Inspeção Federal (SIF/Mapa) a fim de driblar a fiscalização. Por esse motivo, a operação foi batizada de Trapaça.

A BRF é dona das marcas como Sadia e Perdigão e é a maior exportadora de carne de frango do mundo, com vendas em cerca de 150 países.

‘Não há risco à saúde’

Em entrevista coletiva nesta segunda-feira na sede da PF em Curitiba, o coordenador-geral do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa) do ministério, Alexandre Campos Silva, disse que a produção para consumo interno não foi afetada e que não há risco para a saúde pública.

Ele explicou que a bactéria salmonela apresenta mais de 2 mil sorovares (variedades dentro da mesma espécie), mas apenas dois oferecem risco à saúde pública (tifimurium e enteritidis) e outros dois representam risco à saúde animal (pullorum e gallinarum).

“Não encontramos, até agora, nenhum problema que representasse a presença ou a falsificação, a eventual fraude, desses dois patógenos: tifimurium e enteritidis.”

Silva disse, contudo, que a operação está em andamento e que novas medidas poderão ser tomadas.

“As investigações continuam. Elas tratam apenas da presença da salmonella sp, que representa restrições comerciais a 12 destinos, dos mais de 150 para onde exportamos”, afirmou. “Ressaltamos que, se o Brasil exporta para mais de 150 países, é porque esses países nos auditam.”

Fonte: G1

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