— O paciente apresentou, ao longo de três anos, quadros de hipoglicemia (açúcar baixo no sangue) aliado à síndrome metabólica grave, resultando no peso de 166 quilos, colesterol e pressão altos, além de elevado risco cardiovascular, associados a sintomas neuropsiquiátricos, como agressividade, compulsão e perda da memória, que inclusive o levaram a ser afastado dos filhos — explicou a cirurgiã oncológica Isabella Medre Nobrega.
Tiago de Oliveira, de 36 anos, morador da cidade de Caçador, ganhou novas condições de vida após uma cirurgia para retirada de um tumor no pâncreas, realizada no Hospital Universitário Santa Terezinha (HUST), em Joaçaba. O procedimento, chamado gastroduodenopancreatectomia, foi considerado de extrema complexidade e aceito para ser apresentado no Congresso Nacional de Cirurgia Oncológica.
O ápice do quadro de saúde foi registrado em junho de 2023, quando o paciente deu entrada no hospital da cidade de origem desmaiado, com glicemia sanguínea de dez – número considerado baixíssimo – sendo internado e posteriormente transferido para o HUST para melhor investigação do quadro. No HUST, foi evidenciado em exame de tomografia a presença de tumor pancreático. Esse tumor é chamado insulinoma, por produzir insulina em altas doses, causando hipoglicemia severa, motivo pelo qual o paciente teve que ficar na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e ser operado em regime de urgência.
A cirurgia, que durou cinco horas, foi realizada pela cirurgiã oncológica Isabella, auxiliada pelo também cirurgião Gabriel Nunes, pelo anestesista Douglas Pellizaro, pela interna Vitória Serafini e pelo instrumentador Dionatan Tiago.
— O tumor media 2 cm, mas estava localizado em um local complexo do pâncreas obrigando que, para sua remoção, fosse retirado também a “cabeça do pâncreas”, o fim do estômago, a via biliar, a primeira parte do intestino fino e realizadas três emendas: da via biliar, do estômago e do pâncreas com o intestino — detalhou Isabella.
Após 20 dias da realização da cirurgia, o paciente recebeu alta e foi para casa se alimentando pela boca, sem necessitar quimioterapia adjuvante. Atualmente, está sem fazer uso dos medicamentos para pressão alta e nem diabetes, praticando atividade física e já perdeu quase 50 kg. Ele seguirá em acompanhamento por dez anos, inicialmente a cada três meses, fazendo tomografias e demais exames de seguimento oncológico.
— Ver um paciente que teve sua rotina tão afetada no dia a dia, que precisou receber glicose endovenosa contínua para manter-se vivo enquanto aguardava o procedimento e após a cirurgia ter tudo isso normalizado, restabelecendo sua qualidade de vida, é muito gratificante. Fico feliz também pela participação no Congresso, podendo contribuir com novos estudos nessa área — finalizou a médica.
Fonte: Ascom