A morte de uma criança de dois anos nesta segunda-feira (11) enquanto esperava por um leito de UTI pediátrica em Florianópolis escancara a tensão sobre os profissionais e o sistema de saúde em Santa Catarina, além da falta de leitos para o atendimento.
Somente no Hospital Infantil Joana de Gusmão, onde ocorreu a morte, já foram realizados 7 mil atendimento nos primeiros 12 dias de julho. A quantidade já supera todo o número registrado no mês de maio.
“O sistema está extremamente tencionado e os profissionais também estão extremamente tensos”, afirma o secretário de saúde Aldo Baptista Neto ao Balanço Geral. Doenças sazonais de inverno, casos de dengue e Covid-19 estão os principais responsáveis pelo cenário.
A menina Bettina Syendebak de Souza morreu em decorrência de um quadro grave de pneumonia, segundo a SES, e também tinha suspeita de Covid-19. Antes de dar entrada, ela passou por quatro vezes em uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Palhoça.
“Ela estava medicada com antibióticos e chegou em estado grave. Foi prontamente atendida na emergência e depois transferida para a sala de atendimento complementar. Começaram a busca por leitos de UTI, mas não deu tempo, tamanho era a gravidade da situação dela”, afirma Baptista.
Falta de leitos
Foram os próprios profissionais da instituição que denunciaram o caso, que gerou comoção na instituição. Esta não foi a única morte provocada pela falta de leitos em Santa Catarina: em Três Barras, um bebê morreu de Covid-19 enquanto aguardava transferência para UTI.
Na manhã desta quarta-feira (13), dois pacientes aguardavam leito neonatal, mas conseguiram transferências. Quatro crianças aguardavam por leito pediátrico, e dependiam de regulação. Ao todo, Santa Catarina conta com 118 leitos pediátricos e 191 neonatais.
Santa Catarina deu início à abertura de 99 novos leitos desde o início de junho – os últimos serão abertos em agosto. O Hospital Infantil Joana de Gusmão recebeu um novo leito e outros oito de retaguarda, que recebem a criança em estado abrandado, permitindo que ela fique só o necessário no leito normal, segundo o secretário.
Segundo o secretário, os leitos contam com especificidades que tornam mais complexas as transferências. Há, por exemplo, leitos específicos para atender crianças com queimaduras, problemas respiratórios, entre outros.
Vacinação baixíssima
Menos da metade do público alvo de crianças de 5 a 11 anos tomaram a primeira dose da vacina contra a Covid-19 em Santa Catarina. Os dados mais atualizados do Vacniômetro mostram que 48,39% do público tomou o imunizante. Já a segunda dose foi tomada por apenas 29% do grupo.
Dados do Ministério da Saúde mostram que a vacina contra a gripe foi aplicada em apenas 59,1% do público alvo, que inclui as crianças. O ideal é que a cobertura seja de, ao menos, 95%.
Na entrevista, o Secretário destacou que o investimento nas campanhas de vacinação é uma das medidas adotadas pela SES com o objetivo de aliviar a pressão no sistema.
Fonte: NDMais