Moradores de Saudades destacam recomeço com medo e esperança após tragédia em creche

O dia 4 de maio será para sempre lembrado pelos moradores do município de Saudades, no Oeste de Santa Catarina. O brutal assassinato de três bebês e duas professoras na creche Pró-Infância Aquarela deixou marcas profundas e impossíveis de serem apagadas em todos que vivem na cidade de nove mil habitantes.

Um mês após a chacina provocada por um homem de 18 anos que golpeou com armas brancas as vítimas, os moradores da considerada ‘Capital da Hospitalidade’ voltam, aos poucos, à rotina em meio ao luto pelas mortes e à sensação recorrente de insegurança. 

O aposentado Valdo Luiz Hudiner, que costuma caminhar próximo à creche com a neta Manuela e os netos gêmeos Iuri e Iago, diz que redobrou os cuidados, mas não deixou de fazer suas caminhadas com os pequenos em um quadriciclo colorido todas as manhãs.

“Estou tranquilo. Antes já passeava com eles e estou continuando, mas tem gente que ainda se sente inseguro”, comentou.

Valdo Luiz Hudiner passeando com os netos – Foto: Willian Ricardo/ND
Valdo Luiz Hudiner passeando com os netos – Foto: Willian Ricardo/ND

A segurança pública é um dos orgulhos do município de Saudades. Casas sem muros e garagens sem portão fazem parte da paisagem. Até as bicicletas ficam em frente aos imóveis sem qualquer cadeado.

“As notícias daqui sempre foram boas. Isso que aconteceu foi uma surpresa para todo mundo, pois nossa cidade é muito gostosa de morar”, disse a aposentada Noemia Urno, enquanto caminhava ao lado da Praça Central de Saudades. 

Há sete anos Noemia foi morar em Balneário Camboriú, no Litoral Norte do Estado, mas estava no município de Saudades no dia do ataque à creche. Nenhum familiar foi vítima da tragédia, mas o luto é  mesmo, segundo ela.

“São pessoas amigas e conhecidas, a dor é muito grande. O pessoal está se esforçando e todo mundo dando apoio”, completou. 

Comércio em funcionamento

A Prefeitura Municipal de Saudades decretou luto oficial por três dias após o ataque. Naquele 4 de maio o comércio fechou as portas diante da brutalidade do crime. Um laço preto deu lugar aos objetos de decoração nas fachadas das lojas e a bandeira do município ficou a meio mastro no portal da cidade. 

Dias após a chacina, quando o sol parecia querer voltar a brilhar na cidade, o comércio, que já tinha as vendas aquecidas para o Dia das Mães, sentiu uma retração na procura por presentes pelo pavor dos moradores de sair de casa.

Empresária diz que as vendas voltaram ao normal – Foto: Willian Ricardo/ND
Empresária diz que as vendas voltaram ao normal – Foto: Willian Ricardo/ND

“A cidade é pequena e não tem como ficar sem se envolver com a situação. Em 25 anos de profissão foi o dia [3 de maio] mais difícil para trabalhar”, disse a dona de uma floricultura, Célia Hoehn, no dia 6 de maio. 

Um mês depois, a reportagem voltou ao município para conversar com a empresária. Ela diz que o sentimento é de recomeço e esperança.

“Aos poucos nós estamos retornando, alguns ainda um pouco mais abalados. Gradualmente vamos nos equilibrando de novo. Precisamos seguir”, enfatizou Célia. Para ela, a cidade é sinônimo de tranquilidade, paz e de um povo muito acolhedor.

Fonte: NDmais

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