Nos últimos dias, a equipe de mergulhadores do Quartel do Corpo de Bombeiros de Joaçaba trabalhou de forma intensa na tentativa de resgatar o corpo de Cristian Velho, 17 anos, que morreu afogado nas águas do Rio do Peixe na tarde do domingo (30).
Após um intenso e delicado trabalho, as buscas por meio do mergulho encerraram na tarde da terça-feira (01) em virtude da condição da água e da possibilidade de chuvas. Permaneceram então as buscas superficiais com embarcações e o acompanhamento das redes que foram instaladas ao longo do rio na tentativa de prender o corpo do adolescente.
Mediante a decisão do Corpo de Bombeiros, houve algumas reclamações da comunidade sobre o fato. Na tarde desta quinta-feira (03), após o corpo ter sido localizado durante a manhã preso nas redes, o Departamento de Jornalismo da Rádio Líder esteve no Quartel do Corpo de Bombeiros em Joaçaba e conversou com o Aspirante Franz, um dos mergulhadores da corporação e que atuou diretamente nos trabalhos intensos de busca durante a semana.
Mergulhador: uma profissão de risco.
É desta forma que se pode resumir a entrevista feita com Franz. Para se ter uma base, são necessárias duas horas de preparação para entrar na água e após a saída mais duas horas de recuperação da saúde física e corporal, além da manutenção dos materiais necessários para o trabalho. “Toda operação de mergulho acontece muito antes do mergulhador entrar na água. Por exemplo, é preciso reunir todos os mergulhadores do Quartel, afinal o mergulho é uma especialização feita após a formação e nem todos os bombeiros possuem; avaliar o local onde acontecer o fato, definir a técnica de busca, tempo do ocorrido, correnteza, tipo de rio e a partir de isso iniciar a operação”, explicou Franz.
Outro fato importante é que para que o mergulho aconteça, cada profissional usa, no mínimo, 13 equipamentos diferentes para o mergulho, além de toda a estrutura de apoio como barco, caminhonete, ambulância e caminhão. “É um grande aparato que se faz necessário para o mergulho”, afirmou.
Embaixo d’água: total escuridão
Durante a entrevista, Franz revelou alguns detalhes desconhecidos sobre o mergulho, entre eles a falta de luminosidade. “Em águas turvas, a luminosidade penetra no máximo um metro dentro da água. Desta forma, o trabalho de resgate acontece principalmente por meio do tato, ou seja, com a mão nós tateamos o fundo do rio, pedras, galhos na tentativa da localização”, disse.
Trabalho em equipe
“Como é muito arriscado realizar um mergulho a atividade é feita sempre em dois bombeiros. Isso faz com que um monitore o outro e a vida de ambos seja preservada sem sequelas. Por esse motivo também que temos um tempo limite para permanecer dentro da água de acordo com a altura e latitude do local onde aconteceu o fato em face da possibilidade de doenças advindas do tempo excessivo dedicado ao mergulho”.
Situação do afogamento em Herval d’Oeste
Conforme o Aspirante Franz, no caso específico do afogamento em Herval d’Oeste, a situação ficou mais delicada em virtude de alguns fatores, entre os quais, a grande quantidade de chuvas, correnteza e turbidez. “Como chegamos rapidamente ao fato, adotamos uma técnica de procurarmos próximo onde aconteceu o fato, na região de remanso, em virtude de que não seria possível realizarmos mergulho na região de maior correnteza”, completou.
Ao final, Aspirante Franz faz um alerta para que as pessoas evitem frequentar locais com risco iminente de acidentes.
Ouça a entrevista completa: